Como contar que compramos: a jornada de escrever sobre Comunicação em M&
- Fernando H. G. Nunes

- 13 de out.
- 3 min de leitura
Quando digo que este livro nasceu da necessidade, não exagero. Entre 2022 e 2024, vivi uma das experiências profissionais mais intensas da minha carreira: estruturar estratégias de comunicação em processos de fusões e aquisições em um grande grupo de tecnologia do Sul do Brasil. Foram dois anos que me transformaram, e que me deram alguns cabelos brancos, confesso.
Mas não foi só o trabalho que me levou a escrever "Como Contar Que Compramos - Guia para a Comunicação Corporativa em M&A". Foi a ausência. A falta de material prático, honesto e aplicável sobre comunicação nesses processos. Tudo que encontrava era ou excessivamente acadêmico, técnico ou superficial demais, no que dizia respeito ao planejamento de comunicação. Faltava a voz de quem estava no dia a dia, lidando com gente de verdade, com medos reais, em situações caóticas.
Foi aí que decidi: se esse livro não existe, eu vou escrever.
Entre a teoria e a prática
Minha formação em jornalismo sempre me ensinou a buscar fontes, a validar informações, a não confiar apenas na experiência pessoal. Então, enquanto vivia o caos diário de cinco aquisições e três processos de integração — envolvendo cerca de 3.500 colaboradores, culturas organizacionais completamente distintas e tecnologias que não conversavam entre si —, eu também estudava. E muito! Li mergulhei nos materiais da McKinsey, Gaudêncio Torquato, dissertações acadêmicas e outros obras de executivos de M&A. Busquei frameworks, modelos, referências. Mas a verdade é que nenhum deles me preparou para o que realmente importa: o fator humano.
Porque no final, comunicação em M&A não é sobre slides bonitos ou mensagens perfeitamente elaboradas. É sobre pessoas. Pessoas reais, com medos reais, esperanças reais e a necessidade muito real de entender o que está acontecendo com suas vidas profissionais.
Foi essa tensão entre teoria e prática que moldou o livro. Cada capítulo combina frameworks acadêmicos com histórias reais (algumas dolorosas, outras vitoriosas) do que vivi nesses dois anos. Porque acredito que você, profissional de comunicação ou não, precisa das duas coisas: da estrutura para planejar e da honestidade para executar.
O livro que eu gostaria de ter lido
Quando comecei a trabalhar com M&A, eu não tinha muita ideia do que estava fazendo. Claro, tinha experiência em comunicação organizacional, entendia de conteúdo, sabia estruturar mensagens. Mas M&A é outro jogo. É mais rápido, mais político, mais emocional. Porque a verdade que ninguém te conta: antes de se preocupar com a "visão estratégica da nova organização", é que o que as pessoas querem mesmo saber, é se vão ter emprego amanhã. E se você não responder essa pergunta com honestidade, nada mais importa.
Foi esse tipo de aprendizado, do jeito difícil, que eu quis colocar no livro. As perguntas que realmente importam. Os erros que cometi. As coisas que funcionaram (e as que fracassaram espetacularmente).
Por que você precisa ler este livro
Estruturei o guia em dez capítulos que seguem a jornada natural de um processo de M&A, desde o planejamento até a integração pós-fechamento. Mas não é apenas uma sequência cronológica, é um mapa estratégico para quem precisa navegar nesse território complexo.
Se você trabalha com M&A, seja como comunicador, profissional de RH, gestor ou consultor, este livro é para você. Porque ele não é apenas sobre comunicação. É sobre gestão de mudança. É sobre cultura organizacional. É sobre liderança em tempos de crise.
E se você nunca trabalhou com M&A, mas quer entender como funciona esse universo complexo, também é para você. Porque fusões e aquisições não vão desaparecer. Elas são a estratégia preferida das empresas que querem crescer rápido. E alguém precisa cuidar das pessoas nesse processo.
Esse alguém pode ser você.
Escrever sobre comunicação organizacional foi diferente de escrever poesia ou prosa. Não foi sobre criar mundos imaginários. Foi sobre traduzir experiências reais em aprendizados aplicáveis. E isso exigiu uma honestidade brutal comigo mesmo. Tive que admitir erros. Tive que revisitar momentos difíceis. Tive que aceitar que nem tudo que fiz funcion
ou. Mas também pude celebrar as vitórias: os momentos em que a comunicação realmente transformou o clima organizacional, em que vi times desconfiados começarem a colaborar, em que pessoas com medo se abriram para o novo.
E percebi algo importante: comunicação não é sobre transmitir informação. É sobre intento. É sobre construir pontes entre mundos diferentes. É sobre fazer com que pessoas que não se conheciam consigam olhar para o mesmo horizonte e dizer: "Dá pra gente chegar lá. Juntos."
Vamos juntos nessa jornada?










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